O Exterminador do Futuro: Gênesis


- A movie might be in progress -

A seara do “filme ruim” é, muito geralmente, o local onde a crítica consegue exorcizar seus demônios e se energizar apontando culpados para uma infelizmente verdadeira derrocada de esforços criativos no cinemão comercial ao longo dos últimos 20 anos. É claro que o público mudou, mas muito dessa mudança foi causada pelo bombardeio de bobagens que Hollywood tem derrubado incessantemente em plateias mundo afora. No entanto, existem uma problematização interessante a ser feita ao pensar nessa questão: apesar de engrossar o cordão de filmes feitos sem nenhum verdadeiro propósito, porque todo “mau filme” precisa ser efetivamente desprezado como inválido? O Exterminador do Futuro: Gênesis me jogou no meio desse questionamento por razões tão ridiculamente simples que me parece um pouco difícil tentar argumentar, mas farei o possível.

Parei de acompanhar a saga de Arnold Schwarzenegger ainda em seu segundo capítulo, e por isso imaginei que tentar retomar neste quinto sem ter visto os episódios anteriores seria problemático, mas o filme de Alan Taylor sabe bem com qual tipo de público está lidando e por isso, apesar de não ser uma história completamente nova, ele toma o cuidado de salvar cinco minutos de narrativa para estabelecer os limites da história e lembrar quem são Kyle Reese, John e Sarah Connor, e o robô T-800. Fazendo esse esforço de ter início, meio, e fim relativamente bem estabelecidos, o roteiro de Kalogridis e Lussier pode se dar ao luxo de brincar um pouco com a ideia de viagem no tempo, alterando linhas temporais e seus consequentes desdobramentos sem qualquer compromisso com a lógica que geralmente rege esse tipo de cinema, impulsionando um pouco a diversão da experiência.

É possível que o pouco compromisso com o rigor industrial da produção cinematográfica norte-americana seja o verdadeiro charme do filme. É como se todas as engrenagens muito mal ajambradas da produção estivessem expostas, e pudéssemos nos divertir muito mais com seu funcionamento precário do que com a máquina que elas alimentam. Para um exemplo mais prático: a escalação de Jai Courtney e Emilia Clarke como Reese e Connor vem claramente à custa da fama meteórica que os dois alcançaram em anos anteriores via suas respectivas séries de televisão -Spartacus e Game of Thrones, para os desavisados-, e sendo atores de pouco alcance dramático, seus esforços para tentar chegar aos níveis (até modestos) de imersão que os momentos mais dramáticos de seus personagens exigem se torna algo verdadeiramente encantador. É como se víssemos o filme se construir em nossa frente, e bom ou mau, essa é uma experiência interessantíssima.

O Exterminador do Futuro: Gênesis (★★★)
Alan Taylor, Estados Unidos, 2015
IMDB ROTTEN KRITZ FILMOW

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